![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwk_hgdkokMjFHktdgPX2Dfvyw7QxNuP8t7u_UXd84WcMK38ASufCTujTZQ8k9qgNaBCvuMOiZaPg6QaDJmv9Qic2pK-TGYAezWbmY7eecIndOduOQzz1IwwGTM-XqCo9h7Tc4CR92h9o/s400/derain-paint-matisse.jpg)
Voltou a fazer versos
Com o quase o mesmo arroubo
Daqueles outros tempos
De louco.
Os bolsos sem vintém
Reclamam alimento.
Prometeu possuí-la
No vário do momento.
É mais um ser eterno
Mas inda não é anjo.
Um pouco mais sincero
E estranho.
Ensimesmado, rói
O pão que lho mandaram.
Observa-se no espelho
E vê que é muito raro.
Mas sempre que alimenta
O corpo de misérias,
Rebenta no seu corpo
Outra moléstia.
Pouco sabe da vida
Egressa (se a teve);
Esconde os infortúnios
E tem sede.
Pouco sabe do amor,
Apesar de estorcer-se
Quando possui um corpo
No ardor da rede.
Enquanto vive, vai
Por caminhos estreitos
Desordenando vidas
E entorpecendo leitos.
Talvez da mágoa guarde
O círio e a vela acesa;
Talvez sua musa impura
Não possua beleza.
Os versos, as estrofes,
As rimas e a métrica
Nascem silenciosas
No berço do poeta.
E quando ele acredita
Saber fazer poemas
Mal sabe que só paga
As próprias penas.
Assim como se envolve,
Assim como se encharca
Do pranto que o comove,
Da máscara que o guarda
Não pode ser sincero
Mesmo que fosse em sonho,
Não pode ser na vida
Do lar paterno o escombro,
Mal sabe, inconseqüente,
Dos atos que produz
Nem se lhes toma conta
Nem se lhes reconduz.
Voltou a fazer versos
Feroz e solitário.
Voltou a fazer versos
Como um desesperado.
Perdizes, outubro de 2009
Um comentário:
Lindo!E que bom que voltou...
Postar um comentário