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É um mendigo que se orgulha
De ter perdido a própria casa
E agora a casa ser a rua.
Quando nasce um homem como eu, só se pode esperar uma coisa: que consiga ser sempre ele mesmo e viver para seus dons intelectuais.
"A liberdade é a possibilidade do isolamento. És livre se podes afastar-te dos homens, sem que te obrigue a procurá-los a necessidade do dinheiro, ou a necessidade gregária, ou o amor, ou a glória, ou a curiosidade, que no silêncio e na solidão não podem ter alimento. Se te é impossível viver só, nasceste escravo. Podes ter todas as grandezas do espírito, todas da alma: és um escravo nobre, ou um servo inteligente: não és livre. E não está contigo a tragédia, porque a tragédia de nasceres assim não é contigo, mas do destino para si somente. Ai de ti, porém, se a opressão da vida, ela própria, te força a seres escravo. Ai de ti se, tendo nascido liberto, capaz de te bastares e de te separares, a penúria te força a conviveres. Essa, sim, é a tua tragédia, e a que trazes contigo.
Nascer liberto é a maior grandeza do homem, o que faz o ermitão humilde superior aos reis, e aos deuses mesmo, que se bastam pela força, mas não pelo desprezo dela.
A morte é uma libertação porque morrer é não precisar de outrem. O pobre escravo vê-se livre à força dos seus prazeres, das suas mágoas, da sua vida desejada e contínua. Vê-se livre o rei dos seus domínios, que não queria deixar. As que espalharam amor vêem-se livres dos triunfos que adoram. Os que venceram vêem-se livres das vitórias para que a sua vida se fadou.” (Bernardo Soares)
2 comentários:
Lindo!Caracas,como é belo escancarar a verdade em singelas palavras tecidas a fio.=]
Lindo demais!
A imagem por si só já nos diz muito. E o quase "Haicai da verdade" complementa nesses versos essa vida espelhada.
Ah, quero te partilhar algo: descobri teu blog ao ensaiar na casa de minha amiga/diretora uma esquete cênica que estamos construindo, onde interpreto um Mendigo (bem diferente do convencional) do texto "O Mendigo ou o Cachorro Morto" de Betold Brecht, daí estávamos visualizando imagens pra concepção dos elementos da cena e nos apaixonamos por essa ft e acabei depois por ler o texto. Experimentamos encenar assim, mas funciona mais em fotografia mesmo. Mas foi massa ter ficado como esse homem da foto. Uma sensação de "vulnerabilidade doce", bem estranho, mas válido.
Ah, essa imagem é de tua autoria também?!
Paz e Luz.
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