quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009
Retrato de Jey Low
Divinamente bela, e sem o ser:
Não a beleza estática das flores
Que num painel orgânico e sem cores
Renascem velhas para o amanhecer.
Encantadora, mesmo sem querer
Que todos busquem em seu leito ardores.
Cruel, porém, por não poder dizer
Que um anjo vela por seus dissabores.
Fecha os olhos e quer se libertar
E correr e correr e imaginar
Um hospital onde não haja doentes;
Mas ah! Seus olhos já estão se abrindo
Para o dia de agora, um dia lindo
De onde nasce a mais pura das nascentes.
Não a beleza estática das flores
Que num painel orgânico e sem cores
Renascem velhas para o amanhecer.
Encantadora, mesmo sem querer
Que todos busquem em seu leito ardores.
Cruel, porém, por não poder dizer
Que um anjo vela por seus dissabores.
Fecha os olhos e quer se libertar
E correr e correr e imaginar
Um hospital onde não haja doentes;
Mas ah! Seus olhos já estão se abrindo
Para o dia de agora, um dia lindo
De onde nasce a mais pura das nascentes.
A variação de seus passos de dança (À Jey Low)
Se nós pudéssemos saber o quanto
Perdemos tempo a esperar somente
Que o riso venha e que não venha o pranto
E a rosa cresça sob um sol ardente
Não estaríamos vivendo tanto
A acreditar que a vida, simplesmente,
A nós possa trazer o acalanto
E eternizar o que nossa alma sente;
Se nós pudéssemos do amor medir
O muito pertencido a outrem amar,
As respostas viriam sem perguntas;
Pois nos olhos nos brota a cor do mar
E os lábios se acendem a sorrir
A imensidão de duas almas juntas.
Araxá, 20/01/09, às 23:38
Perdemos tempo a esperar somente
Que o riso venha e que não venha o pranto
E a rosa cresça sob um sol ardente
Não estaríamos vivendo tanto
A acreditar que a vida, simplesmente,
A nós possa trazer o acalanto
E eternizar o que nossa alma sente;
Se nós pudéssemos do amor medir
O muito pertencido a outrem amar,
As respostas viriam sem perguntas;
Pois nos olhos nos brota a cor do mar
E os lábios se acendem a sorrir
A imensidão de duas almas juntas.
Araxá, 20/01/09, às 23:38
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009
Cotidiano da noite
O paletó descansa amarrotado
E ao seu lado descansa meu chapéu.
Só a minha tristeza não descansa.
Estou faminto mesmo na abastança.
Na rua, um transeunte me interpela
E me pede cigarros e o isqueiro.
A madrugada fecha os bares cedo.
Meu coração é como uma capela.
Chego em casa e não sei por que aqui vim.
Os meus móveis são novos e eu sou velho.
Na geladeira, a carne já esquecida.
A Morte traz a ilusão do fim.
Espero o dia. A volta da alvorada
Traz a certeza das conquistas fúteis.
Vejo a noite expirar em tons dourados.
Meus sonhos todos são desesperados.
O pássaro está morto na gaiola.
Suas asas muito abertas já não podem
Sobrevoar o espaço da prisão.
A vida escorre, e esse escorrer é vão.
Faço as malas.O sol está chegando.
Morreram as sombras no teatro azul.
Espero a hora certa da viagem.
O meu destino é como um quadro nu.
Araxá, em 2009.
E ao seu lado descansa meu chapéu.
Só a minha tristeza não descansa.
Estou faminto mesmo na abastança.
Na rua, um transeunte me interpela
E me pede cigarros e o isqueiro.
A madrugada fecha os bares cedo.
Meu coração é como uma capela.
Chego em casa e não sei por que aqui vim.
Os meus móveis são novos e eu sou velho.
Na geladeira, a carne já esquecida.
A Morte traz a ilusão do fim.
Espero o dia. A volta da alvorada
Traz a certeza das conquistas fúteis.
Vejo a noite expirar em tons dourados.
Meus sonhos todos são desesperados.
O pássaro está morto na gaiola.
Suas asas muito abertas já não podem
Sobrevoar o espaço da prisão.
A vida escorre, e esse escorrer é vão.
Faço as malas.O sol está chegando.
Morreram as sombras no teatro azul.
Espero a hora certa da viagem.
O meu destino é como um quadro nu.
Araxá, em 2009.
O Escolhido
Se acaso estes versos desiguais
Se perdem na inconstância da razão,
É que os escreve a força da emoção
E os acentua em sangue - nada mais.
Guerra é preciso para que haja paz,
Amor potente, para a ilusão;
Para existir, saber que tudo é vão.
Para escrever é necessário mais.
Talvez, leitor, o brilho dessa verve
Pareça extasiar-te como o vinho
Guardado há muito tempo extasia.
Mas saiba que ao poeta que aqui serve
Só é preciso a dor de estar sozinho
Para que a lira mostre a melodia.
Araxá, em 2009.
Se perdem na inconstância da razão,
É que os escreve a força da emoção
E os acentua em sangue - nada mais.
Guerra é preciso para que haja paz,
Amor potente, para a ilusão;
Para existir, saber que tudo é vão.
Para escrever é necessário mais.
Talvez, leitor, o brilho dessa verve
Pareça extasiar-te como o vinho
Guardado há muito tempo extasia.
Mas saiba que ao poeta que aqui serve
Só é preciso a dor de estar sozinho
Para que a lira mostre a melodia.
Araxá, em 2009.
Estou cansado, é verdade...
Quero ter sono e dormir
Para poder prosseguir
E nunca sentir saudade
Do sono brando que não tive
Quando podia descansar.
A vida é o drástico declive
Do Sonho arremessado no ar.
Tenho fé no que transcende
A minha Alma decepada.
Existi como um duende
À procura de uma fada.
Perdi o bilhete de passagem
Que possuía para a vida...
Não desisti, porém, da viagem:
Só me cansei desta guarida.
Existir é esperar a morte certa.
O homem que a espera enfim desperta
E vê que não viveu, pois esperava...
De tudo que fiz na vida
Dispendi muito trabalho.
Levei tudo de vencida
E esta batalha aguerrida
Tornou-me um homem falho.
As luzes que se apagam
Não mais se acenderão.
Vagam com elas despojos
Filhos da Escuridão.
Basta amar quem nos ama?
Não há amor entre feras.
O Amor sempre reclama
Duas mil primaveras.
Estou cansado, é verdade...
Quero ter sono e dormir
no alvo seio do devir.
O Futuro é a minha Divindade.
Araxá, em 2009.
Quero ter sono e dormir
Para poder prosseguir
E nunca sentir saudade
Do sono brando que não tive
Quando podia descansar.
A vida é o drástico declive
Do Sonho arremessado no ar.
Tenho fé no que transcende
A minha Alma decepada.
Existi como um duende
À procura de uma fada.
Perdi o bilhete de passagem
Que possuía para a vida...
Não desisti, porém, da viagem:
Só me cansei desta guarida.
Existir é esperar a morte certa.
O homem que a espera enfim desperta
E vê que não viveu, pois esperava...
De tudo que fiz na vida
Dispendi muito trabalho.
Levei tudo de vencida
E esta batalha aguerrida
Tornou-me um homem falho.
As luzes que se apagam
Não mais se acenderão.
Vagam com elas despojos
Filhos da Escuridão.
Basta amar quem nos ama?
Não há amor entre feras.
O Amor sempre reclama
Duas mil primaveras.
Estou cansado, é verdade...
Quero ter sono e dormir
no alvo seio do devir.
O Futuro é a minha Divindade.
Araxá, em 2009.
O repouso da Alma
Quando o Outono anuncia a sua chegada
E a natureza pálida esmorece
E chora a última folha desfolhada
E o vento frio espalha a fria prece
A Vida tece a teia e a teia tece
Mais uma vítima a ser devorada,
E que apesar de insciente não padece
A sina de viver abandonada.
Nas torres das igrejas as corujas
Se escondem dessas alvoradas sujas
E o sino dobra aos mortos que estão bem;
Vejo-me preso numa teia enorme.
Enquanto o Outono chega, a Alma dorme
Embalada no seio do Além.
Araxá, em 2009.
E a natureza pálida esmorece
E chora a última folha desfolhada
E o vento frio espalha a fria prece
A Vida tece a teia e a teia tece
Mais uma vítima a ser devorada,
E que apesar de insciente não padece
A sina de viver abandonada.
Nas torres das igrejas as corujas
Se escondem dessas alvoradas sujas
E o sino dobra aos mortos que estão bem;
Vejo-me preso numa teia enorme.
Enquanto o Outono chega, a Alma dorme
Embalada no seio do Além.
Araxá, em 2009.
segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009
Desejo
Eu quero um poema
Distante de tudo:
Da mágoa passada,
Do encanto desnudo.
Eu quero um amor
Que venha no vento:
Alheio à tristeza
E ao meu pensamento.
Eu quero o teu nome
Em minha bandeira:
Vermelho de sangue
Da face guerreira.
Eu quero outro céu -
Azul não precisa;
Mas quero na face
O leve da brisa.
Eu quero o longínquo
Das tardes de infância:
O banho à espera
E a mãe à distância.
Eu quero de volta
A fé inaudita:
Sou velho asceta
Que ainda medita.
Eu quero o teu riso
Sorrindo ao meu lado:
Não pude sonhar
Estando acordado.
Eu quero a lembrança
De ter conhecido
Os passos de dança
De um anjo caído.
Não posso o que quero
Por mais que deseje:
Mas quero que um dia
Teu lábio me beije.
Araxá, em 2009.
Distante de tudo:
Da mágoa passada,
Do encanto desnudo.
Eu quero um amor
Que venha no vento:
Alheio à tristeza
E ao meu pensamento.
Eu quero o teu nome
Em minha bandeira:
Vermelho de sangue
Da face guerreira.
Eu quero outro céu -
Azul não precisa;
Mas quero na face
O leve da brisa.
Eu quero o longínquo
Das tardes de infância:
O banho à espera
E a mãe à distância.
Eu quero de volta
A fé inaudita:
Sou velho asceta
Que ainda medita.
Eu quero o teu riso
Sorrindo ao meu lado:
Não pude sonhar
Estando acordado.
Eu quero a lembrança
De ter conhecido
Os passos de dança
De um anjo caído.
Não posso o que quero
Por mais que deseje:
Mas quero que um dia
Teu lábio me beije.
Araxá, em 2009.
O futuro sonhado
Eu queria um soneto que dissesse
A forma com que vejo o teu semblante.
Mas não o posso escrever, e se o pudesse
Nele haveria lágrimas de amante.
Eu queria saber de qualquer prece
Que soasse em meu peito, consoante
Àquilo que me alegra e me entristece:
O meu amor, infenso mas brilhante.
Mas não há versos nem pode haver cantos
Que exprimam fielmente o teu sorriso
Ou saibam precisar o olhar seguro;
Porque eu ainda ignoro os teus encantos,
Mas posso imaginar o Paraíso
Recôndito nas asas do Futuro.
Araxá, em 2009
A forma com que vejo o teu semblante.
Mas não o posso escrever, e se o pudesse
Nele haveria lágrimas de amante.
Eu queria saber de qualquer prece
Que soasse em meu peito, consoante
Àquilo que me alegra e me entristece:
O meu amor, infenso mas brilhante.
Mas não há versos nem pode haver cantos
Que exprimam fielmente o teu sorriso
Ou saibam precisar o olhar seguro;
Porque eu ainda ignoro os teus encantos,
Mas posso imaginar o Paraíso
Recôndito nas asas do Futuro.
Araxá, em 2009
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