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Apagão
As luzes da cidade se apagaram
Mal a noite veio.
Nem estrelas nem postes
Iluminam a cidade.
Os transeuntes sumiram-se na bruma
Ainda mais escura.
Paixões de momento esvaziam
O ritmo cadente das almas.
Há carros, buzinas e faróis
Dando vida à estrada e às ruas.
Existência, asfalto e solidão.
Deus caminha com pés de rinoceronte.
Os homens são submissos,
O trabalho verga os ombros de quem o faz.
Sem vitrola e sem versos, o poeta quer vinho.
Sangue e espasmo e morte, talvez.
Lírios no campo observam mulheres
A cantar.
Retinir de auréolas no céu,
Abusões contra as sagradas meditações
Dos deuses.
Há tanta dor sem remédio
Que os outros remédios pouco valem.
Do amor a nascente água jorra,
Fonte pura sem mácula desce a montanha
E vira esgoto sem haver matado a sede
De quem ama.
Que criação é o amor!
Doa-se o arado e morre-se de fome.
Nem sementes nem terra -
Só arbustos retorcidos.
Esperança dos que amam
O que n’alma padece
Reflete mágoas
Inextinguíveis.
De todas as mágoas pertenço.
Perdizes, setembro de 2009
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