sexta-feira, 19 de dezembro de 2008
O mendigo
Na cidade perdida dos humanos
encerrada em antigos altiplanos
os homens são escravos e senhores.
Um mendigo, em farrapos, bate às portas
de pessoas ausentes semi-mortas
enterradas nos próprios dissabores.
Tem a veste rasgada e o olhar tranquilo.
Desavisado aquele que ao medi-lo
pensa encontrar-se diante de um coitado...
Possui o orgulho pétreo do Escolhido
que ao vencer a batalha, embevecido,
blasfema aos deuses que o haviam honrado!
E a sua derrocada foi tremenda:
roubou do altar sagrado a oferenda
destinada à piedade do Divino;
Não tardou a vingança pela espada
arrancar-lhe a sobrevivência honrada
com a mão horripilante de um assassino.
Aqui está ele, um andrajoso verme
com a consciência congelada, inerme,
escondido em seu próprio entardecer.
E como o ocaso vai caindo lento
procura refugiar-se no excremento
que materializa o vir-a-ser...
(...)
Aniquilado e entregue, sente fome...
Um mendigo sonâmbulo e sem nome,
incapaz de medir a própria sorte;
Levanta o olhar cansado - e agoniza...
Tomba ao chão amaldiçoando a brisa
que antecede a sanguinária Morte!
O infeliz suplica compaixão.
Mas cumprir-se-á terrível maldição
até que a carne infame esteja morta;
E enquanto a massa informe se espedaça
A Morte apara o sangue em fina taça
do rio essencial chamado aorta!
(...)
O Espírito, liberto e desvairado,
corre a esconder-se no distante prado,
habitáculo de almas inclementes;
Toda vez que anoitece o firmamento
ecoa na floresta o seu lamento
a entristecer e matizar poentes...
O corpo, desmembrado e insepulto,
profana a terra fértil como um insulto
à memória materna, sacrossanta;
e a desafiar leis naturais
reúne esforços sobrenaturais
e num estralar de ossos se levanta!
Ei-lo aqui - vencedor da Iniludível -
contorce a boca num esgar horrível,
qual o possesso frente a uma igreja;
os olhos, carcomidos mas sedentos,
buscam ao redor humanos movimentos
para arrojar à terra benfazeja.
(postar-se-á o restante nalgum dia propício)
Janeiro de 2007.
encerrada em antigos altiplanos
os homens são escravos e senhores.
Um mendigo, em farrapos, bate às portas
de pessoas ausentes semi-mortas
enterradas nos próprios dissabores.
Tem a veste rasgada e o olhar tranquilo.
Desavisado aquele que ao medi-lo
pensa encontrar-se diante de um coitado...
Possui o orgulho pétreo do Escolhido
que ao vencer a batalha, embevecido,
blasfema aos deuses que o haviam honrado!
E a sua derrocada foi tremenda:
roubou do altar sagrado a oferenda
destinada à piedade do Divino;
Não tardou a vingança pela espada
arrancar-lhe a sobrevivência honrada
com a mão horripilante de um assassino.
Aqui está ele, um andrajoso verme
com a consciência congelada, inerme,
escondido em seu próprio entardecer.
E como o ocaso vai caindo lento
procura refugiar-se no excremento
que materializa o vir-a-ser...
(...)
Aniquilado e entregue, sente fome...
Um mendigo sonâmbulo e sem nome,
incapaz de medir a própria sorte;
Levanta o olhar cansado - e agoniza...
Tomba ao chão amaldiçoando a brisa
que antecede a sanguinária Morte!
O infeliz suplica compaixão.
Mas cumprir-se-á terrível maldição
até que a carne infame esteja morta;
E enquanto a massa informe se espedaça
A Morte apara o sangue em fina taça
do rio essencial chamado aorta!
(...)
O Espírito, liberto e desvairado,
corre a esconder-se no distante prado,
habitáculo de almas inclementes;
Toda vez que anoitece o firmamento
ecoa na floresta o seu lamento
a entristecer e matizar poentes...
O corpo, desmembrado e insepulto,
profana a terra fértil como um insulto
à memória materna, sacrossanta;
e a desafiar leis naturais
reúne esforços sobrenaturais
e num estralar de ossos se levanta!
Ei-lo aqui - vencedor da Iniludível -
contorce a boca num esgar horrível,
qual o possesso frente a uma igreja;
os olhos, carcomidos mas sedentos,
buscam ao redor humanos movimentos
para arrojar à terra benfazeja.
(postar-se-á o restante nalgum dia propício)
Janeiro de 2007.
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