"A liberdade é a possibilidade do isolamento. És livre se podes afastar-te dos homens, sem que te obrigue a procurá-los a necessidade do dinheiro, ou a necessidade gregária, ou o amor, ou a glória, ou a curiosidade, que no silêncio e na solidão não podem ter alimento. Se te é impossível viver só, nasceste escravo. Podes ter todas as grandezas do espírito, todas da alma: és um escravo nobre, ou um servo inteligente: não és livre. E não está contigo a tragédia, porque a tragédia de nasceres assim não é contigo, mas do destino para si somente. Ai de ti, porém, se a opressão da vida, ela própria, te força a seres escravo. Ai de ti se, tendo nascido liberto, capaz de te bastares e de te separares, a penúria te força a conviveres. Essa, sim, é a tua tragédia, e a que trazes contigo.
Nascer liberto é a maior grandeza do homem, o que faz o ermitão humilde superior aos reis, e aos deuses mesmo, que se bastam pela força, mas não pelo desprezo dela.
A morte é uma libertação porque morrer é não precisar de outrem. O pobre escravo vê-se livre à força dos seus prazeres, das suas mágoas, da sua vida desejada e contínua. Vê-se livre o rei dos seus domínios, que não queria deixar. As que espalharam amor vêem-se livres dos triunfos que adoram. Os que venceram vêem-se livres das vitórias para que a sua vida se fadou.” (Bernardo Soares)

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

O manto de esmeraldas

Eu te quero demais para magoar-te.
Tu és a minha Paz,
Tu és a minha Arte.

Teu gesto é Deus que o faz,
Meu sonho em ti faz parte.
Amar-te... mais e mais.
Amar-te sem aparte.

Venha-te a mim, meu sonho tão perdido,
Venha-te a mim, minha alma enfim encontrada.
És o meu ser... o meu ser mais querido,
és o meu plenilúnio e a minha alvorada.

A te esperar, volvendo a cada instante,
Do teu amor sou o mais puro amante...
Da tua forma eu bebo com muita ânsia.
Mesmo que seja a milhas de distância.

Se toda vez que tu me olhaste assim
meu sofrimento visse o teu olhar,
saberia que toda dor tem fim
e todo homem um dia vai amar.

Não importa que o amor consigo traga
a ilusão fortuita, o Paraíso;
sem o amor da mulher a vida é vaga
e vago agora estou sem teu sorriso.

Não te imagino como a santa pura
adormecida num altar de luz:
imagino-te como a criatura
que invariavelmente me seduz.

Dentre tantas mulheres, se quiseres
caminhar sobre um manto de esmeraldas,
serás a única entre todos seres
a inspirar fervor nas minhas laudas!

Fico aqui, a aguardar os dias belos.
A dor que possuí me justifica.
Os sonhos de quem ama são sinceros,
A lembrança de um beijo sempre fica.

Araxá, dezembro de 2008.

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