sexta-feira, 19 de dezembro de 2008
A carne e o mármore
Esta forma inautêntica de carne
que Deus me revestiu
por sua própria vontade se fez mármore
e a si mesmo esculpiu.
Já cansada de sangue a circulhar-lhe
resolveu virar pedra.
Num espelho inda olhou seu belho talhe
de onde a dor sempre medra;
E imaginou-se além da humana vista -
essa ilusão atroz, não mais que engodo -
e começou a abster-se da Conquista,
pois a Conquista não possui um rosto.
Tentaram deformá-la um dia ainda
dizendo-lhe elogios coloridos.
Mas a Forma possui razão infinda
e talha essa razão nos próprios vincos.
Por ela a Morte apaixonou-se
e agora a não pode largar.
Consigo trouxe do mais doce
desejo lúbrico de amar.
Mas esse desejo talvez seja uma ária
cantada na noite em que a noite é sozinha;
talvez seja a luz que a si mesmo compara,
espelho fechado por muita neblina.
Carne-mármore
cristalina.
Forma frágil
sem saliva.
Araxá, dezembro de 2008.
que Deus me revestiu
por sua própria vontade se fez mármore
e a si mesmo esculpiu.
Já cansada de sangue a circulhar-lhe
resolveu virar pedra.
Num espelho inda olhou seu belho talhe
de onde a dor sempre medra;
E imaginou-se além da humana vista -
essa ilusão atroz, não mais que engodo -
e começou a abster-se da Conquista,
pois a Conquista não possui um rosto.
Tentaram deformá-la um dia ainda
dizendo-lhe elogios coloridos.
Mas a Forma possui razão infinda
e talha essa razão nos próprios vincos.
Por ela a Morte apaixonou-se
e agora a não pode largar.
Consigo trouxe do mais doce
desejo lúbrico de amar.
Mas esse desejo talvez seja uma ária
cantada na noite em que a noite é sozinha;
talvez seja a luz que a si mesmo compara,
espelho fechado por muita neblina.
Carne-mármore
cristalina.
Forma frágil
sem saliva.
Araxá, dezembro de 2008.
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