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Escrevi este livro necessário
Para guardar as cinzas do Passado.
Se acaso o verso parecer forçado
E por de mais prosaico e precário
É que o fiz no escuro, quando a noite
Torna-se imensa como um precipício.
Ele contém a dor da vida, o açoite
Das almas que se entregam ao sacrifício.
Sou moço ainda. A juventude pulsa
Com a força do veneno mais letal;
A água que bebo só me traz repulsa,
O alimento que como me faz mal.
Mero artifício de Arte inacabada,
O meu livro é composto, essencialmente,
Dos matizes sangrentos da alvorada
E das tristezas vãs de toda a gente.
Assim, quando o abrir, leitor funesto,
(Todo leitor tem amizade à morte)
Verá que concebi meu manifesto
À revelia de mostrar-me forte.
Das imagens etéreas, do crepúsculo,
Da Lua amiga dos que não têm sono,
Do ancestral espasmo de um músculo,
Do Amor que sinto – meu senhor e dono:
Recebam agora as homenagens frias
Da alma perdida que só quer descanso.
O meu livro é a síntese dos dias
Nos quais meu coração era um demônio manso.
Perdizes, novembro de 2009
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