segunda-feira, 19 de janeiro de 2009
O corcel
Há em mim um corcel que nunca corre
Pelos prados distantes, muito verdes.
Talvez desdenhe de sua própria sorte:
Não possuir esperança nem prazeres.
Direis consigo: “A um animal tão belo
Os deuses deram a sorte da ignorância:
Não pode imaginar-se em desespero
E muito menos longe da esperança...”
No desperdício do marasmo inculto
Segue o corcel com passos de embaraços.
Sente as patas letárgicas e o abrupto
Equivocado som dos próprios cascos.
O bando o chama para caminhar
Por sobre os cumes e por sobre os morros,
Mas o corcel prefere aqui ficar
Na companhia dos fatais desgostos.
De vez em quando a brisa sopra ao longe,
Em meio aos capinzais,
E ele vê muitas linhas de horizonte
Que não virão jamais.
Ainda se viesse um aroma tal
Que se lhe atenuasse o olfato duro,
Sentiria esse aroma muito mal
Pois ao olfato ainda falta apuro.
Ainda se lhe houvesse um dia bom
Daqueles que não podem ser perdidos,
Veria o vulto e ouviria o som
Dos próprios pesadelos mal dormidos.
Agora está faminto e está sedento
Mas a fonte está suja e a relva ruim
Para um corcel sem muito movimento
Que começa a viagem pelo fim.
Não há, porém, quem lhe arrebate a sorte
De viver muito solto, muito livre,
De cavalgar sem medo até a morte
Que dos corcéis é qual como um declive.
Há em mim um corcel que nunca corre
Pelos sonhos de outrora, muito azuis,
Mas ainda caminha com o porte
Dos corcéis conduzidos pela Luz.
Araxá, em 2009.
Pelos prados distantes, muito verdes.
Talvez desdenhe de sua própria sorte:
Não possuir esperança nem prazeres.
Direis consigo: “A um animal tão belo
Os deuses deram a sorte da ignorância:
Não pode imaginar-se em desespero
E muito menos longe da esperança...”
No desperdício do marasmo inculto
Segue o corcel com passos de embaraços.
Sente as patas letárgicas e o abrupto
Equivocado som dos próprios cascos.
O bando o chama para caminhar
Por sobre os cumes e por sobre os morros,
Mas o corcel prefere aqui ficar
Na companhia dos fatais desgostos.
De vez em quando a brisa sopra ao longe,
Em meio aos capinzais,
E ele vê muitas linhas de horizonte
Que não virão jamais.
Ainda se viesse um aroma tal
Que se lhe atenuasse o olfato duro,
Sentiria esse aroma muito mal
Pois ao olfato ainda falta apuro.
Ainda se lhe houvesse um dia bom
Daqueles que não podem ser perdidos,
Veria o vulto e ouviria o som
Dos próprios pesadelos mal dormidos.
Agora está faminto e está sedento
Mas a fonte está suja e a relva ruim
Para um corcel sem muito movimento
Que começa a viagem pelo fim.
Não há, porém, quem lhe arrebate a sorte
De viver muito solto, muito livre,
De cavalgar sem medo até a morte
Que dos corcéis é qual como um declive.
Há em mim um corcel que nunca corre
Pelos sonhos de outrora, muito azuis,
Mas ainda caminha com o porte
Dos corcéis conduzidos pela Luz.
Araxá, em 2009.
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