A idade da razão
“Saiba morrer o que viver não soube”
Bocage
Nada espero, pois não possuo.
Se possuí tesouros
Não os soube guardar.
Idos todos esses anos,
Muitos desejos
Que ardem na alma no corpo
E no vento
Curvaram-se, abstinentes
À natureza das coisas.
Como descobrir a aurora
Herdada pelo atavismo
Milenar de minha estirpe?...
Neste mundo incendiado
A serenidade é o ápice
Mas tudo é retardamento.
Dormi sem sono
No exercício de minha altura...
Não soube lapidar diamantes
Nem garimpar pedrarias.
Mesmo se as encontrasse,
Ficariam guardadas
Num paletó sem uso
E sem ressentimentos.
Só pude criar.
O que é a Arte sem
Tolher de movimentos?
Ah... meu canto...
A minha razão e minha necessidade
Meu canto é tudo o que eu não pude.
É chegada a hora!
Caminhar no indizível...
Sabe-se lá se encontro
Frutas maduras nas árvores,
Com aquele cheiro de planta regada
Pelas mãos de Deus.
Ou o que sobrou Dele.
Araxá, janeiro de 2007.
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