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Mesmo se aqui a não tiver, por entre os ramos
Deste jardim perfeito,
Hei de lembrar-me o quanto nos amamos
No calor do seu leito;
Mesmo que a sombra faça escuro o que era claro
E emudeça o sonoro,
Hei de deixar no lábio o mínimo de amparo
Daquela a quem adoro;
Mesmo que o céu expulse as estrelas brilhantes
E deserto se faça,
A lua surgirá p’ra todos os amantes
Quando Amor os enlaça;
Mesmo que os braços já não possam abraçar
A criança querida,
E ensiná-la os primeiros esforços de amar
A sua própria vida;
Mesmo que tudo desmereça a ação piedosa
De acolher um mendigo,
E depois disso tudo ofertar-lhe uma rosa
E chamá-lo de amigo;
Mesmo que a mãe rejeite o filho e o deixe ao léu,
A vagar sonolento,
As nuvens se abrirão e ele verá o céu
Abrir-se ao vão do vento;
Mesmo que a Morte venha, e eu sei que ela virá
Para elevar meu canto,
Eu levarei de mim a hora boa e a má,
Áurea coroa e manto;
Mesmo que o poema seque e na aridez pereça,
Voltando ao que era dantes,
Vai ficar no papel uma nódoa espessa
E depois há de vir quem reconheça
Verdes vestígios, diamantes.
Araxá, em 2010.
Um comentário:
As eternas dúvidas...Mas também,as eternas certezas...
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