segunda-feira, 23 de novembro de 2009
A janela do quarto
A janela vidro e aço
Abre o mundo mas divide
Duas formas alternadas:
O ver-se com olhos mais simples,
Na separação de outro espaço -
E ainda outro que os prescinde.
A altura da janela
Não dá vertigem nem medo,
Mas esconde na esquadria
Súbitos segredos.
Clara a cor, já desbotada
Pelo tempo os malefícios
A janela envidraçada
Dá de frente para o Cristo.
Tal estátua - não de gente –
Tem os braços sempre abertos;
No disforme do concreto,
Vem abrir fechar secretos:
Expande-se, logo o sol
Clareia o branco dos braços
Numa estatura de cal
Qual gigante dos espaços.
Alinha-se, independente,
Contra o verde ao seu redor;
Tal estátua – não de gente –
Mas parece ter suor.
O que constroem, da janela,
Deixa ver incongruências
Da falta de arrimo, poste
Sem dividir dependências.
A luz artificial
Que brota pela janela
Deixa ver o claro elétrico –
Um cego às apalpadelas.
Diversidade de esquadros
Outras janelas vizinhas
No fumê de seus matizes
Reencontram-se, restritas
Ao ângulo fantasiado,
Ângulo morto, invisível
De um lado em outro lado
Só se vê possíveis trincos.
Dessa altura momentânea
Que é estar sobrepesando
O vazio que há embaixo
Machucado subcutâneo,
Mede à força com arrasto
O sentir-se nas alturas –
Palmo a palmo, braço a braço
Exato de arquitetura.
Nessa divisão real
Do exterior com o fechado
Principia outra medida
Da janela até o asfalto.
Três andares, três colunas,
Antitéticas ao três:
As colunas retilíneas
Muita brita e robustez,
Descascam, se no horizonte
A abrangência está completa;
Alheias a qualquer homem
De inteligência arquiteta,
Tais colunas necessitam
Da metálica estrutura
Que delimita os contornos
De uma a outra coluna.
Da janela do meu quarto
Dividi outros espaços:
Luz contínua que brota
Refestela-se, exata;
Dentre todos os quadrados
O maior é sempre másculo:
Qual o homem sem medidas
Que ilimita o próprio estado.
Perdizes, novembro de 2009
Abre o mundo mas divide
Duas formas alternadas:
O ver-se com olhos mais simples,
Na separação de outro espaço -
E ainda outro que os prescinde.
A altura da janela
Não dá vertigem nem medo,
Mas esconde na esquadria
Súbitos segredos.
Clara a cor, já desbotada
Pelo tempo os malefícios
A janela envidraçada
Dá de frente para o Cristo.
Tal estátua - não de gente –
Tem os braços sempre abertos;
No disforme do concreto,
Vem abrir fechar secretos:
Expande-se, logo o sol
Clareia o branco dos braços
Numa estatura de cal
Qual gigante dos espaços.
Alinha-se, independente,
Contra o verde ao seu redor;
Tal estátua – não de gente –
Mas parece ter suor.
O que constroem, da janela,
Deixa ver incongruências
Da falta de arrimo, poste
Sem dividir dependências.
A luz artificial
Que brota pela janela
Deixa ver o claro elétrico –
Um cego às apalpadelas.
Diversidade de esquadros
Outras janelas vizinhas
No fumê de seus matizes
Reencontram-se, restritas
Ao ângulo fantasiado,
Ângulo morto, invisível
De um lado em outro lado
Só se vê possíveis trincos.
Dessa altura momentânea
Que é estar sobrepesando
O vazio que há embaixo
Machucado subcutâneo,
Mede à força com arrasto
O sentir-se nas alturas –
Palmo a palmo, braço a braço
Exato de arquitetura.
Nessa divisão real
Do exterior com o fechado
Principia outra medida
Da janela até o asfalto.
Três andares, três colunas,
Antitéticas ao três:
As colunas retilíneas
Muita brita e robustez,
Descascam, se no horizonte
A abrangência está completa;
Alheias a qualquer homem
De inteligência arquiteta,
Tais colunas necessitam
Da metálica estrutura
Que delimita os contornos
De uma a outra coluna.
Da janela do meu quarto
Dividi outros espaços:
Luz contínua que brota
Refestela-se, exata;
Dentre todos os quadrados
O maior é sempre másculo:
Qual o homem sem medidas
Que ilimita o próprio estado.
Perdizes, novembro de 2009
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Um comentário:
Adorei esse aqui em especial...
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